As estatísticas já se transformaram em um clássico de final de ano na internet. Sabemos quais músicas mais ouvidas, quantos livros lidos e há quem conte ainda as séries e filmes. Para nós, meros usuários, esses números podem servir para balizar metas do ano seguinte, refletir sobre o breve passado ou apenas como um pedaço de entretenimento fornecido pelos seus aplicativos do coração ( é claro que esses números significam muito mais$$ para as empresas, mas isso é outro assunto).
As estatísticas do meu caderninho de papel cheio de cores e caos me dizem que em 2020 eu li 41 livros. Minha meta para o ano era de 34, mas entre releituras, audiolivros e necessidade de escapar da realidade difícil, acabei indo um pouco além. Acho que li bastante. A lista conta com grandes clássicos, romances bobos, poesia, autoficção, contos… uma boa variedade que me fez apreciar ainda mais o significado da literatura na minha vida. Só faltou passar por aqui para escreve um pouco sobre essas leituras, certo? Afinal, esse espaço era para ser dedicado a isso, mas cadê que as palavras encontravam um caminho para sair da minha cabeça e correr para os dedos? Não deu.
Não escrevi minhas resenhas impressionistas, não escrevi ficção, mal escrevi no meu caderno de desabafos. Acho que a insegurança do cotidiano me fez me apegar as palavras de modo que elas ficassem só em mim, quietinhas sendo ninadas até passar a tempestade.
A tempestade não passou, mas como toda virada de ano eu sinto que ganho uma nova página em branco, achei melhor começar a rascunhar alguns caminhos, para não dar muita chance ao bloqueio criativo de novo. Não vou culpar a falta de tempo para escrever, ou a falta de vontade, não acho que esses sejam os motivos da minha quietude recente. Poucas coisas tiveram razão no ano passado e colocarei, sem muita análise, a distância da escrita nessa pilha de sem-respostas, junto às canetas sem tampa e as meias sem par. Fique aí que eu tenho louça pra lavar e alguns textos entalados para escrever.