Amarelo

“Há um elefante sentado em meu peito” é a melhor metáfora que ja vi para descrever o que sinto.

Há um elefante sentado em meu peito.

Mas se o peso do elefante é real, a metáfora deixa de ser metafórica? É certo que não há a mais remota chance de um animal deste porte se encontrar literalmente sobre mim. Moro em um centro urbano e de acordo com o google maps o elefante mais próximo se encontra a 6,4km de distância, no zoológico da cidade – que é supreendentemente perto de minha casa –  e mesmo com a distância literal o peso metafórico-real não me deixa respirar.

Você entende?
O ar entra e sai de meu corpo, meu tórax se movimenta, mas mesmo assim eu não respiro.

“é ansiedade que chama”, brincam na internet. Como alguém pode brincar com isso? mais, como alguém quer me diagnosticar a 300km de distância e sem nenhum conhecimento médico?

Se eu tivesse algum conhecimento médico certamente não sairia por aí diagnosticando estranhos, mas tentaria usar de Freud e Lacan para convencer esse invisível paquiderme a descansar as patas em outro lugar.

Lembro agora de uma anedota do futebol: cansado, o jogador confessa ao repórter à beira do campo que ‘nem com dois pulmão’ ele alcançaria aquela bola. Pois bem, hoje nem com dois pulmão eu consigo entregar à sociedade a produtividade que de mim espera. Eu e o elefante não cabemos no vagão do trem, ou no elevador da firma e muito menos nas paredes modulares do escritório. Nem com dois pulmão eu acordaria às 5 da manhã para saudar o sol, ler um capítulo do Tony Robbins e comer uma torrada sete grãos.

O elefante me paralisa,
me diminui e a falta de ar
embaça a minha mente.

Hoje eu falho com os planos de produtividade. O patrão não entende o quão difícil é cuidar de um elefante.

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