Persuasão, de Jane Austen

chá, jane austen e preguiçaPrimeiramente, como criticar um clássico?

Após notar minhas leituras indo por um caminho muito ‘fácil’, decidi me comprometer a ler um livro clássico por mês. Comecei com Jane Austen para não fugir do meu estilo favorito que é o romance, mas né? Quem sou eu na fila do pão para criticar o estilo ou as escolhas de uma escritora tão forte quanto Austen?
Decidi que a melhor opção era dar minhas impressões de leitora quanto ao divertimento e envolvimento com a história, e é isso que farei aqui.

387 mil personagens e todos se chamam Charles.

Tá, vai. Nem todos se chamam Charles, acho que temos uns 4 ou 5 Charles na brincadeira, mas precisava disso mesmo, Jane? E quando os personagens são da mesma família e ela decidi chama-los pelo sobrenome? Temos 2 Srta. Elliot, 2 Sr. Elliot, vários Musgrove, Harvile, Wentworth… senti falta de uma ficha de personagens como aqueles das peças teatrais. Fiquei perdida em alguns momentos do texto, confesso, mas acho que consegui entender a maioria dos diálogos.

Sobre o romance

O casal principal é formado por Anne Elliot e Frederick Wentworth. Eles se apaixonaram quando jovens, mas como Wentworth não tinha posse ou título, Anne foi persuadida a terminar o relacionamento. Anos depois, por circunstância do destino eles se reencontram e é um drama que só pois um não quer falar sobre o assunto com o outro e eles se comportam de forma “muita educada de acordo com as regras da sociedade”.
Mas essa é só umas histórias do livro. Assim como uma novela, com seus ‘núcleos’ de personagens onde histórias paralelas se desenvolvem, Persuasão conta com um malabarismo de amores e desamores, afetações e intrigas entre seus muitos, mas muitos personagens. (sério, tem muita gente nesse livro)

Crítica Social

A autora faz uma clara crítica a divisão social em classes, onde os que possuem títulos de nobreza são considerados superiores aos que não nasceram em berço de ouro. Wentworth, que fora antes menosprezado por ser um simples marinheiro sem posses, é tido como homem de bem e cidadão respeitoso após chegar ao posto de Capitão e fazer uma boa fortuna com a guerra. Também o pai de Anne, Sr. Elliot/Sir Walter, é um nobre superficial e vaidoso, que gasta grande parte de seu dinheiro com luxos, e que acaba tendo que alugar sua propriedade a um almirante para poder ter uma fonte de renda e quitar suas dívidas. Um ato de rebeldia de Austen ao exaltar a mobilidade social. Dá-lhe Jane! (lembre-se que estamos falando do início do sec. XIX)

Experiência de leitora

Gostei bastante de ter lido este livro. É bem diferente de tudo o que costumo ler e os personagens, embora muito polidos e um tanto sem atitude, conseguem ser marcantes e diferenciados.
Demorei um pouco a me acostumar com a forma que os diálogos aparecem no meio do texto, sem pontuação mais usual (parágrafo, travessão e aspas), e com o ritmo das cenas, mas é claro que se eu não estranhasse algumas coisas, ler os clássicos não seria um desafio.

Nota da edição BestBolso
Encontrei alguns erros de digitação e outros de concordância nesta edição. Achei bem estranho pois, por ser um texto tão antigo, deve ter passado por inúmeras revisões. Não imagino o que possa ter dado errado. Alguém tem idéia?

Nota : 3,5/5,0

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