-Promete que vai guardar meus desenhos e meus troféus do futebol?
-E que vai ter paciência para me explicar química orgânica?
-Promete que não vai me esquecer na escola e que não vai chorar quando ninguém aparecer naquela festa de aniversário por causa da chuva forte?
-E que não vai me levar naqueles teatros de fantoche?
-Mas aqueles teatrinhos são tão legais! E são ótimos para o desenvolvimento cognitivo.
-Aqueles teatrinhos são um saco. Ninguém gosta daquilo, é unanimidade.
-Jura? Acho que estamos desavisados por aqui. Se é assim, tudo bem, prometo.
-Promete que vai procurar os monstros debaixo da minha cama quando o nosso cachorro John for embora? Ele é o melhor espanta-monstros do mundo, sabia?
-Sim eu sei. Vou pedir para ele me ensinar essa tarefa e prometo fazer o meu melhor.
-E promete virar as panquecas no ar para o nosso café da manhã de domingo?
-Posso delegar essa função para a tia Carol? Não quero fazer promessas tão distantes da realidade.
-Tudo bem, eu gosto da tia Carol.
-E ela faz ótimas panquecas, você vai ver.
-Agora o mais importante de tudo; promete que vai me amar quando eu tirar o seu sono, a sua fome, as suas férias, a sua poupança e estragar todas as suas tentativas de reencontrar as amigas da faculdade por uns três anos?
-Prometo que vou te amar nessas horas, e em todas as outras.Por todos os dias da minha vida.
-Tudo bem, mãe. Pode fazer xixi no palitinho, já cheguei.
Para Ju, Beto, John e Clara.